segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Quase Amantes!




Desces do teu mundo como se de lá não tivesses partido. És Deusa na terra dos ateus, essa que arde de rancores, de desprezos. É nessa terra que estou. Apenas levo comigo os trapos que cosi, os sonhos que construí, o pensamento que em mim despertaste. Não vou sozinho, mas solitário.

Atravesso a rua, distraído. Como se o mundo estivesse parado à minha volta, os pássaros estáticos, de asas abertas, negras de sombra de umas quantas nuvens de carvão que lá por cima viajam. Não é que eu esteja contigo no pensamento, mas a prisão que constróis todos os dias, a mim já me acorrentou. Atravesso, pois, o mundo como se da última vez se tratasse. Agora, que sei que sou finito e que a vida a mim jamais repetirá, agora, que descobri esta tormentosa vontade, este asfixiante desejo de te ter, atravessarei a rua com redobrados esforços, com aumentada atenção. Este teu peso sobre a minha alma faz-me pensar que mais não conseguirei aguentar.

Desprovido de sentido, ausente de espírito, despido de reciprocidade. Divagando pelos becos estragados de idade - o tempo que deixa marca - onde não há tréguas que se implementem. Faz-te voltar! Sê de novo a alma que me falta.

Deixa o sol raiar sobre ti. liberta-me, liberta-te, liberta-nos. Tu que me prendes, prendendo-te! Tu que me desprezas, eu que te quero. Tu que desapareces e nada falas, eu que te procuro e não desisto. Ter-te-ei, tomar-te-ei pelas mãos, juntar-te-ás ao meu trilho?

Não me faças dizer adeus. Não deixes ficar-nos pelo quase, dá um passo. Dá-te a conhecer. conhecerás o mundo! Deixa-te ver e verás a razão. Não te escondas por detrás da capa do medo, destapa-te e viverás eternamente... em mim!




domingo, 28 de dezembro de 2014

Carta que devias ler!



Sei que a minha oportunidade já acabou e que, agora, é a tua vez. Por isso, lutando contra o ciúme que até ontem parecia invencível, escrevo para te contar os segredos que só quem a observou atentamente conseguiu desvendar. Escrevo, com inevitável dor no coração, para impedir que sejas tu a causa de futuras lágrimas dela, como eu fui um dia.

Ela vai sentir frio à noite e provavelmente não te vai dizer. É que ela fala mais através do silêncio do que ao entoar certas frases batidas. Para ela, todo o gesto é válido e uma atitude – mesmo que sem palavras – é muito melhor do que essas frases aleatórias que são ditas em voz baixa para ninguém ouvir. Tu vais entender bem o significado de um cruzar de pernas, de um arrumar de cabelo para o lado, de um encolher de lábios ou de um levantar de sobrancelhas. E quando entenderes, aconselho-te que faças algo para corrigir alguma coisa que tenhas feito ou dito. E mesmo que não entendas o que fizeste exactamente, corrige mesmo sem entenderes. Eu posso garantir-te que a dor de perdê-la é maior do que qualquer outra coisa.

Acho que tu não deves insistir muito quando ela estiver irritada, pede desculpas e age. Age porque ela odeia quem fica parado e não faz nada além de se calar. Se por acaso estiveres com medo de perdê-la, nunca vires a cara para o lado oposto da dela, ela vai entender isso como uma decepção, vai chamar-te de desatento e vai virar a cara para o outro lado também. Se estiveres a conduzir, pára o carro. Não aceleres! Ela odeia quem a põe em perigo. Ela chora muito antes de abandonar qualquer relacionamento porque conhece o seu apego e sabe que é mais fácil bater a porta do teu carro e desligar o telemóvel até ao dia seguinte do que sair definitivamente da tua vida. Ela odeia expectativas e entrega a alma para além do coração para ver um amor dar certo. Então, não a faças chorar. Promete-me que lhe vais pregar uns sustos de vez enquanto, mas só quando ela estiver concentrada a ver um filme de terror.


Ela contou-me que todos os relacionamentos que teve são únicos e que apesar de já ter sofrido várias vezes pelos mesmos motivos, ela acha que cada sorriso é um novo sorriso e não uma cópia do que deu ou recebeu no passado. Ela quer encontrar alguém que saiba cuidar bem dela. E não sei dizer-te porque é que é tão difícil, sabes? Mas tenta cuidar dela porque agora ela é tua e tenta não perdê-la. Ela não volta atrás nem perde tempo à procura de um amor que foi para algum lugar que ela não sabe. Ela acha que amor só pode ser justificado com amor, não acredita em mudanças e, para ela, uma coisa não pode ser boa se a faz chorar mais do que sorrir. Perde-te nesse sorriso que ela exibe para ti sem receio algum. E sente-te realizado. Sente-te realizado por teres os melhores lábios contigo, por teres o melhor beijo sem hora nem data marcada. E por favor, vê se retribuis todos os sorrisos dela. Vê se retribuis todo esse amor sem limites que ela costuma dar sem esperar nada em troca além de somente o mesmo.


Sente-te único, porque é assim que ela te fará sentir. Basta ver que no meio de tantos lobos dispostos a devorá-la por aí ela ainda é inteiramente tua. Ela vai apaixonar-se por cada chamada inesperada, por cada beijo roubado e por cada elogio sincero e sem aviso. Então por favor, não percas isso. Ela odeia monotonia e não suporta a indiferença. Aprende a respirar fundo e a organizar as palavras antes de as dizeres para evitar feridas desnecessárias. Não a magoes porque quando tu a magoares, ela vai achar que tu és só mais um como todos os outros. Não a deixes ir embora para perceberes que a tua vida sem ela é um verdadeiro desastre.

Deixa-a chamar-te idiota com um sorriso no rosto, na verdade, ela está a dizer que te ama do jeito dela. Ela gosta da areia da praia e de sentir a brisa do mar a embaraçar os seus cabelos. Ela gosta de entrelaçar os dedos, de deixar as pegadas pelo caminho, de olhar para trás e dizer: olha só o quanto nós já caminhamos juntos. Ela está sempre à procura de bons motivos para sorrir e dos melhores momentos para guardar. Então dá-lhe motivos de sobra para ela voltar bem para casa e fá-la encontrar em ti os melhores momentos que ela pode ter. Se tu não lhe ligares, ela vai ligar-te. Se tu fingires que a esqueceste, ela vai procurar-te. Mas ela também sabe fingir que não se preocupa e, acredita em mim, o fingimento dela dói sempre mais. Por favor, não a deixes ligar-te só porque tu não lhe quiseste ligar. Não faças birra, não faças joguinhos porque o Game Over será teu. Não finjas que te esqueceste dela porque quando ela não te procurar tu vais sentir exactamente o que eu senti. 


E, talvez, até reaproveites esta carta e a envies para o próximo que a perderá porque estranhamente ela sempre será muito para nós.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Li e Gostei



Casa-te com um homem que se deite no teu colo, de um jeito meio despreocupado, meio desajeitado, meio de quem pede ajuda porque o chefe é um chato e as coisas só dão certo porque ele tem a tua companhia no fim do dia. Não escolhas alguém que faz tudo por ti, que vive por ti, que faz todos os teus caprichos. Sabes porquê? Porque um homem desses deixaria de ser dele para ser teu, esquecer-se-ia da vida dele para viver a tua e, cá entre nós, tu queres somar, não é? Ou queres alguém que viva por ti, não contigo? Por isso mesmo é que tu deves escolher alguém que traga um novo mundo para juntar ao teu e que te mostre como os teus planetas ainda podem ser desalinhado e de uma forma bonita.
Casa-te com um homem que te desperte. Da cama, do medo, dos pesadelos. Que te beije na testa com ternura e faça cafuné, mesmo sabendo que tu odeias que engolem o teu cabelo. Um homem desses que despenteiam, desses que deixam uma desorganização bonita em ti. Escolhe alguém que te escreva (e te leia) nas entrelinhas. Escolhe um homem, um rapaz, seja lá qual for o teu termo preferido, que
tenha um olhar que não te atravesse. Alguém que vai olhar para ti e ver quem tu és, sem construções idealizadas ou suposições construídas na fantasia. Sem olhares que atravessam e se desviam, que não encontram os teus olhos e caminham pelo teu corpo. Escolhe os olhos daquele que sustenta o mundo quando te olha. Ele tem que ser forte, e talvez a força dele seja essa de te ajudar a dividir o peso do mundo nas costas, de te ligar no almoço para dizer que te ama e que nunca se esqueceu de ti.
Escolhe um homem que se vá emocionar quando te vir a entrar na igreja. Mas que também se emocione ao ver-te acordar de pijama. Que te ache linda independentemente do teu manequim e que se orgulhe de ti pelas tuas conquistas do dia a dia, até aquelas pequenininhas como conseguir passar do primeiro dia da dieta. Casa-te com um homem que vá rir de ti quando tu fizeres um escândalo por teres partido a unha ou por teres furado o dedo ao pregar um quadro na parede. Ele tem que ser do tipo que sabe que tu és independente e não precisas dele, mas ainda assim vai aprender alguma receita no Google para te tentar impressionar. Valoriza um homem pelo esforço dele, não só pelo resultado final. Tu vais perceber que um homem que se esforça para te ver feliz é um homem que vale mais do que qualquer príncipe Encantado que a Disney tentou vender-te como homem perfeito. Desconfia de um homem sem defeitos. E aprende: tipos perfeitos como os dos livros infantis não existem. O que existe são homens que, do seu modo, te conquistam e fazem pender a balança para o lado das qualidades, enquanto tu aprendes a lidar com os defeitos.
Deseja um rapaz que seja louco. Não por ti, mas pela vida. Gente louca  pela vida gosta de explorar o mundo, a cidade, a rua de cima, o novo restaurante japonês e tudo mais. Gente que é louca pela vida entende bem o significado de liberdade, companheirismo, amizade e todos esses sentimentos que só quem gosta de viver entende. Deseja um rapaz que faz tu te apaixonares sempre que ele fala da forma como o mundo dele mudou desde que tu chegaste.
Por fim, mas não menos importante, casa-te com um homem que te ame em detalhes. Nos cartões das flores, na careta da selfie, na camisa fora de moda que a mãe lhe deu de presente, na vez em que ele percebeu que tu tinhas cortado o cabelo antes de tu falares, nas encomendas de comida às duas da madrugada quando ele percebe que tu estás a morrer de fome e não queres saber mais da dieta, no anti-alérgico que ele carrega na carteira caso tu precises. Casa-te com quem te faça sentir que este texto é pouco para falar dele e te dê vontade de continuar a escrevê-lo, mesmo que tu não sejas lá muito boa com palavras, mesmo que tu só saibas definir o que sentes por ele como amor.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Folhas Soltas de Pequenos Retratos



Primeiro Retrato

Escrevo ao relento, deixo que o vento me leve, que o sol me queime, que a chuva me faça escorrer, que tudo se misture e me transforme, porque nada espero, e a cada momento gravo aquilo que me aprisiona, indo onde mais ninguém vai, voando onde ninguém pode chegar, sentindo o que não se pode sentir, vendo que o não se vê com um simples olhar, largo tudo e voam as páginas de uma vida.

Segundo Retrato

- "Sinto falta da força que me levava a percorrer montes e vales, que me levava a escrever, que me fazia levantar quando tudo me fazia cair, daqueles momentos envolvidos na mais suave magia que palpita dentro de mim" diz ele.
- "Mas afinal do que não sentes falta?" pergunta ela. 
Ele responde na sua voz mais suave e meiga, com um pouco de vergonha e tristeza: 
- "Não sinto falta do sentimento que me faz sofrer dia-após-dia"

Terceiro Retrato

Sento-me no chão frio da varanda, acendo um cigarro e bebo um pouco de vinho tinto, observo a noite apenas iluminada pelo doce luar, o meu pensamento divaga, entre imagens tuas e nossas relembro tudo o que foi proferido entre nós, sentindo uma certa ternura, mas relembro que tudo não passou de enganos, mentiras, falsidade, foco-me assim apenas no teu sorriso ao luar, apenas sentindo que tudo poderia ter sido diferente!

Quarto Retrato

Certa vez, perdidos no reino íntimo e húmido do teu quarto agarraste a minha mão com toda a força do teu impulso. Assustaste-me. Puxaste-me para diante do velho espelho do armário de madeira dorida. Lado a lado, obrigaste-me a fixar a nossa imagem, reflectida. Do outro lado, acenavam-nos dois seres aparentemente iguais.
-Vês? - perguntaste-me roucamente emocionada.
-O quê? - retorqui desnorteado pois não entendi o que pretendias.
-A nossa pele resplandece um suave murmúrio de luz...

Quinto Retrato

Tenho uma mística enraizada em mim, a raízes de uma vida de outrora, vida essa alucinante, vivida na experiência do amor. 
- De que falas!? 
Falo de amores e paixões, falo de paredes sussurrantes, de portas entreabertas com olhares distantes, de fantasmas esquecidos às janelas, de fadas despidas de sentimentos escondidas na soalhada de um beco. Esta visão proliferante, esta forma de sentir tão intensa faz-me ver e sentir tudo de uma forma tão diferente tão vivida e sonhadora, faz-me sofrer e esquecer.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Inocência Mentirosa



Estou perdido nesse sitio que não sou eu. Aquela fonte que me alimentava já secou.

Oh! belos tempos em que eu sabia quem era e o que queria de mim. Oh! belos tempos em que a vida era uma certeza e o mundo uma ciência exacta. Tão bom que era a inocência de ser o dono de tudo, estar no topo da montanha a sentir a brisa de Este e ordenar os destinos da caravana - da minha caravana- e saber perfeitamente onde a queria levar. Era forte e destemido, afincado na defesa e audaz nos ataques das opiniões e das escolhas. 

Mas as estradas por onde a caravana passou eram agrestes, de rochas afiadas. Enrugaram o coche, cansaram os cavalos. Apagou-se a lanterna, ele é escuro agora. As rodas não mais rolam. Os vidros viraram areia. O vento tolda-me a tez que nem lanças - e não perdoa - nada perdoam estas novas brisas. Tão parcas de amor, carregadas de espinhos, assim somos nós agora.

Da inocência agora pouco resta - não sei para onde ir. Não sei o próximo passo, para que lado!?
Oh rios voltem a regar a minha fonte, oh mares revoltem-se contra estas brisas! Oh sol derrete aquelas rochas, queima aqueles ramos. Preciso de ti, de mim. Daquele eu que foi, daquele eu que venceu tudo, que amou tanto, mas pouco foi amado e assim murchou. 
É ingrata a vida. É tão difícil saber que - afinal - a vida não é eterna, dói tanto desconhecer por que leis se rege o mundo e quem o possui.

Mentiram-me. 

Eu sei. 

Não Me Compreendas Por Favor!




Desço, mais uma vez, aquela rua escura e empedrada. Desço-a ao sabor do vento, que me impele os pés descalços. E, uma vez mais, aquele olhar se repete - alma incompreendida envolta numa esfera de sonhos sem deles se conseguir desligar e sempre por eles a desejar - ora apagado ora brilhante na sua essência.

É algo que me transtorna sem nunca deixar de me fascinar, essa inegável capacidade de sempre permanecer sozinho na minha compreensão incompreendida.

Sim, mais uma vez desço esta rua sozinho e descalço, com o tal olhar antagónico de quem sabe o que quer sem saber por onde ir. E tu olhas-me de novo, como quem de mim me quer perceber por inteiro, sem saberes que essa pequena parte de ti é tão minha como tua...

Mais do que o meu próprio olhar e tudo o que me faz sentir, é o teu que mais me seduz - não por me tentar perceber, talvez por me completar de uma forma tão incompreensivelmente incompleta.

Preciso desse teu olhar tão puramente inocente da mesma forma que precisas do meu. Preciso dele para me sentir único e incompreendido, pois só assim sou livre e só assim poderei ser teu.

- Não me compreendas por favor!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Por Detrás Da Cortina Fechada



Eu não sou o que fiz, o que fiz é o que eu fui. Eu sou o que posso fazer.

É nesta conclusão que o conflito se inicia.
É altura de sair dali. De não deixar nada de fútil em pé. De procurar fora dali o que mais importa.
Mas... como é que alguém consegue divorciar-se da própria sombra?
Simples. Quando o céu toca o chão não há sombra, não há hierarquia e tudo fica no mesmo plano.



Tenho a cabeça numa nuvem de fumo no silêncio perturbador da noite torna tudo tão sufocante.
Estou deitado na cama à 4 horas a tentar dormir mas ainda não vai ser agora, experimento fechar os olhos mas volto para o lugar onde eu não quero estar, o perigo é iminente mas não consigo ir embora. Nestas perturbações nocturnas tento abraçar o tempo como nunca abracei e se o tempo me permitir respiro o mundo individualista que me mente por ser o último acto de uma peça que nunca irá estrear.
Mais uma noite que não me traz nada!
Uso as estrelas para escrever e peço segredo à lua para tentar descrever este sufoco, para tentar relembrar quando a noite era berço, quando tudo isto fazia sentido, quando as palavras congelavam os segundos do meu mundo, quando tudo parava e ficava fechado no meu pensar, sem voltar à estaca zero, sem renascer novamente e reviver o arrepio da primeira vez. Tal como uma velha canção que é ouvida vezes sem conta até ficar esquecida na mente de um menino que perdeu a sua sombra também os sonhos e fantasias perderam o seu lugar, vivem como pássaros presos numa gaiola, a porta encontra-se aberta mas não voam dali para fora.
Num acordar repentino e fora do meu corpo, vejo tudo à minha roda, não me drogo, não bebo mas até que dava jeito eu contra o meu pensamento, quando como tudo aquilo que sinto e não aguento a pressão sufocante na procura de mim mesmo quando sinto que já falhei. Tento ser razoável mas o tempo é limitado, sinto que que já perdi mais que tudo aquilo que tenho dado.
Arrepiante este sentimento!
Não te iludas com o brilho e o fascínio da minha imagem porque não é o fumo que consumo mas é o fumo que me consome, quando me mata, me prende, me rouba o nome e assalta-me quando a alma já arrebenta, quando é a raiva que explode e o coração que já não aguenta.
Não iludo, nem desiludo por isso sou a ausência de uma promessa, sou ampulheta e areia que escorre sem dar conversa, a perícia sem malícia porque no fundo eu nem nasci, eu morri para criar.
A insanidade nocturna chama por mim!
Pede-me para viver no limite, na adrenalina que me faz sentir vivo, no limiar do perigo e da morte física e espiritual. Sei que não conheço o início desta insanidade mas tenho um contrato com o fim, desvendando a minha mente, sentindo o medo. Sou mistura excessiva de silêncio e luz da lua, psicologia desta vida e filosofia tatuada, sou enigma, sou chave, sou a mágoa acumulada e odeio cada frase que a minha mente cria porque eu não penso, nem respiro moro ao lado de Cristo na minha visão diminuta e amplamente explorada mas se as linhas de um livro justificam todo o mal então o mundo para mim já acabou e eu nem sequer sou real.
Tudo é tão pouco quando o nada vence!
Enquanto os traços de um sonho se apagam da palma da mão, o espírito enfraquece e cede a cada dia que passa, torna-me um papel amarrotado a ser levado pelo vento, somando desilusões e aspirações que a vida enterra, saboreando o desgosto que o coração encerra mas enquanto espero o que interessa está lá fora na estrada à espera e demoro sempre mais um pouco perdendo tanto pelo meio.
O que é feito da criança que sorriu no recreio?
Já não sei apenas vejo o sonho desvanecer, limitando a minha acção e a dependência de outra é somente uma noção.
Com vontade de desistir para dizer a verdade! É quando vem ao de cima a minha fragilidade!
Existe bons momentos mas aqui são demasiado breves, tento convencer-me para não baixar a guarda mas por fim dou por mim apaixonado nos lençóis de mais uma cabra é que os meus fins de noite são sempre em alguma casota!
Só mais uma noite que me deixa mais calmo!
Não fales, não olhes, não toques, não penses porque eu não estou cá, quero fugir daqui, não estou no mundo, não estou na rua, estou deitado, sem tecto à espera que isto passe sem eu fazer nada em concreto porque alguma coisa me tirou a força que a vida me deu e alguém que me leve para um sítio onde eu ache que nunca estive!
Foda-se!
Opto sempre por escolher o ódio ao amor, é uma espécie de auto defesa por já ter sofrido demais!
Sou um homem sem alma e quero voltar para casa!

E isto é o que se passa por detrás da cortina onde só vês a graciosidade de um sorriso despido de felicidade e a energia da falta de uma alma!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Opostos Numa Só Face



Existe dois lados de mim. Opostos, claro!
Confesso que existe um lado frio, negro e distante e um lado resplendente de luz, calor e determinado. Consigo ser noite de luar e dia negro de temporal. Tanto sou capaz das mais frias, racionais e duras decisões como denuncio-me só com um olhar meigo e sorriso derretido. Por vezes Homem decidido e dominante e por vezes menino assustado e magoado. Sinto-me cheio de certezas e vontades e no entanto pleno de dúvidas e reticências. Torna-se fácil para mim sorrir por fora e exaltar alegria e chorar por dentro sentindo-me destruído e em constante conflito interior.
Digo com certezas absolutas que sou uma contradição que nem eu entendo.
Posso ser tudo ou então nada, tudo depende do lado que quero que conheças ou mereças!

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Um Renascer



Entro em casa, naquela mesma casa gélida, sombria, cheia de incoerências e depravações de energias negativas, no entanto algo mudou, as paredes deixaram de ecoar berros agoniantes, os fantasmas escondidos nas soleiras das portas desapareceram e os olhares frios cheios de nada desvanecem ao meu passar. Algo quer renascer, algo de positivo, muito mais que as próprias palavras possam descrever. As pernas ainda tremem e as mãos ainda não ganharam a força suficiente para levantar o corpo morto mas vão tentando, a alma entre pensamentos distantes e passeios vadios, tenta reconstituir-se e reencontrar a sua outra metade, o seu corpo morto, abandonado à tanto tempo que já nem sabe como voltar, como se redimir.
Continuo a vaguear pela casa, de forma absorver e observar o que esta casa tenta transmitir, sabe bem esta mudança, que no fundo não é uma mudança mas uma revitalização.
Algo de novo e de bom renasce aos poucos, não sei quanto tempo pode levar, não sei para quando, nem sei bem o caminho a ser traçado mas sei que irá acontecer porque uma luz não surge para fugir mas à espera de ser agarrada e de iluminar um novo caminho.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Na noite terrível



Na noite terrível, substância natural de todas as noites,
Na noite de insónia, substância natural de todas as minhas noites,
Relembro, velando em modorra incómoda,
Relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.
Relembro, e uma angústia
Espalha-se por mim como um frio do corpo ou um medo.
O irreparável do meu passado – esse é que é o cadáver!
Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures,
Na ilusão do espaço e do tempo,
Na falsidade do decorrer.

Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido –
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso – e foi afinal o melhor de mim – é que nem os Deuses fazem viver...

Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro –
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.

Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Claras, inevitáveis, naturais,
A conversa fechada concludentemente,
A matéria toda resolvida...
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.
O que falhei deveras não tem esperança nenhuma
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei.
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os universos,

Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca
Como uma verdade de que não partilho,
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível pra mim.

Álvaro Campos heterónimo de Fernando Pessoa

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Excertos de uma alma



Escrevo não para tu gostares, não para tu veres muito menos para te agradar! Escrevo simplesmente pelo prazer que me confere a escrita, pela degustação única que cada palavra me oferece, escrevo apenas aquilo que de forma fluída os meus dedos vão percorrendo, escrevo para mim e partilho com quem tem a ânsia de ler e perceber o que eu escrevo, só aí me estará a entender e poderá ler-me! Não sou coeso no que escrevo, sei também que não faz sentido cada conjuntura de frases que preenchem o meu espaço mas mais uma vez digo não escrevo para ti mas sim por mim! Que exista a oportunidade de um dia poderes ler o que me vai na alma e aí sim poderás deitar fora cada letra e cada frase dos meus pequenos e incertos textos, ou então, se for o teu desejo mais profundo e obscuro poderás tentar entende-los para me poderes preencher e refugiar-me deste mundo da escrita, deste mundo obsoleto e só meu! Enfim experimenta amar-me e fundir-te comigo e talvez mas só talvez este espaço seja meu e teu, talvez seja a única forma de entrares nele!

sábado, 11 de outubro de 2014

Um nada de um todo



Sou um mar sem areia, um bosque sem pássaros, uma árvore despida de folhas, sou o corpo que tu vês despido de uma alma, apenas a existência ao mero acaso, lançado ao mundo sem o conhecer primeiro, sou o desconhecido do mundo a falta de essência nele, sou apenas um tempo que por mim passou, sou o que o tempo que passou me ensinou, um todo sem nada, uma estrela sem brilho um amanhecer sem a beleza feiticeira envolvente. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Triste Encanto




Mais uma noite sem dormir, mais um maço que desapareceu em segundos, mais um quarto escuro e mais uma noite de silêncio fantasmagórico nesta casa, as pernas começam a tremer o tempo passa sinto a alma a desvanecer, o vento sopra pelas frinchas da janela ecoando palavras sem destino é como morrer de sede no meio do mar e afogar-me. No silêncio da escuridão ecoou gritos de revolta, apenas eu ouço, as mãos movem-se freneticamente. Paro! Concentro-me! Olho para o portátil e imagino o que eu faço aqui? Se dependesse de mim não sentia, não pensava, às vezes penso que passo tempo demais comigo. E enquanto ouço uma voz dentro de mim que me diz: " Liberta-te! Torna-te um só com a magia encantada das palavras! Escreve sem pensar! Transpõem-te".
Vou vagueando sem destino, entre dedos pelas teclas, olhos vazios, ouvidos perdidos, boca calada e a mente afogada em pensamentos deambulantes. Isto é mais forte do que eu pensei!  E em mim a luz se esconde enquanto danço no silêncio morto e nas palavras busco o conforto! Paro mais vez! Tento fugir com os pensamentos mórbidos e insólitos e insurgem apenas as perguntas: "Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?". Dou mais um grito de revolta por ser prisioneiro de mim próprio, dos meus pensamentos e sentimentos. Fluem as palavras entre os dedos e olho para o lado e na escuridão continuo sem ninguém para ajudar, um sorriso para me animar, porque sinto que a culpa é minha e não percebo o porquê, sinto um sorriso sádico na cara e lágrimas nos olhos e ninguém as vê, um desejo inexplicável de explosão, de largar tudo e correr sem parar contrariando o sentido lógico de manter à tona e navegar ao leve sabor das ondas, direccionado pelo vento que me sussurra aos ouvidos palavras incoerentes e sentimentos incertos. E entre incertezas, palavras, sentimentos, vontades e raciocínios lógicos grito em plenos pulmões, em tom de revolta que alguém me diga porque me sinto assim! Estou farto de mim! Farto daquilo que sou! Farto daquilo que penso! Mostrem-me a saída deste abismo imenso!  Triste ser tão novo e achar que a vida não presta pergunto-me se algum dia serei feliz mas não sei se alguém me ouviu e não sei se quem me viu sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Apenas Gostava



Gostava de ser mágico, de fazer aparecer e desaparecer, de surpreender e fazer render aos encantos encantados.
Gostava de ser uma folha em branco e saber desenhar em formas sublimes e rectilíneas, de saber colorir de forma harmoniosa e sentida sem tons pesados de trovoada e pesadelos.
Gostava de saber escrever e fazer viajar com palavras, endireitar e apagar tormentos, fazer acreditar e sonhar, usando meramente as palavras, a fluidez da paixão que elas nos tocam e viciam.
Gostava de ser palhaço para saber como fazer-te rir em qualquer momento, saber divertir e ser divertido, abstrair de todos e quaisquer pensamentos impuros e perturbantes que redopiam e te enlouquecem.
Gostava de ser mar e fazer-te viajar pelos recônditos que o mar aufere e esconde no seu encanto e paixão, de ser mar para te levar no silêncio tranquilizante e seguro que transmite.
Gostava de ser vento para saber como te soprar aos ouvidos, como sussurrar as palavras mais delicadas e doces, como fazer-te sentir calafrios apaixonantes.
Gostava de ser sol e chuva, para saber aquecer-te nos dias mais cinzentos e no entanto saber penetrar-te na alma como a chuva se infiltra, de ser sol para saber como te aquecer o coração e alma e ser chuva para saber como estar sempre contigo e entender-te nos dias mais cinzentos.
Gostava de ser lágrima e sorriso, pensamento e palavra, porto de abrigo e barco, corpo e alma, vontade e desejo... Gostava de te ter comigo e ser todo o pensamento e vontade, todo o desejo e sentimento, todo o minuto e segundo para poder ser toda a inquestionável certeza, sem retóricas e dúvidas.
Gostava... bem apenas gostava de acordar e que todas as portas entreabertas com fantasmas escondidos e que todas as janelas com olhares distantes e cheios de nada não existissem.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Deambulante



Ligo a música, Jimmy P feat D-RO - Amigos e Amantes começa a tocar, deixo a minha mente fluir, o meu corpo relaxar, navego nas entranhas desta mente obscura, acordo, acendo um cigarro, observo os contornos de fumo que me envolvem, olho para a mesa mais um copo vazio, mais uma casa vazia, mais uma noite agitada, mais uma mente perdida entre o ser e o nada.
Inspiro esta última lufada de fumo, deito-me, fecho os olhos, sinto a cabeça a navegar à velocidade da luz, um pouco de tudo começa agitar-me, imagens diversas sem sentido, dispersas, começam a vir-me na frente dos olhos e enquanto expiro o fumo tudo se vai desvanecendo, volto a despertar com os sentidos atentos a qualquer movimento existente nesta casa vazia, sinto o meu ser a desvanecer-se, necessito de mais um trago daquele copo vazio, daquele maço já a meio.
Levanto-me, volto a encher um copo meio cheio de nada, acendo esta droga que me faz dispersar e navegar nos cinco sentidos e mais um no imaginário. sinto o meu corpo a ceder, a pedir por mais, por voltar a navegar, o desejo carnal apodera-se, as preocupações desaparecem e procuro por ti deambulado pela casa, abrindo cada porta à tua procura, acreditando que por meio desta casa vazia, devota na escuridão, de fantasmas entre paredes e com olhares vazios da inexistência de uma alma, tu estejas em algum recanto escondida, delirada pelo fascínio da mente, sabendo que acabo sempre por te procurar, um pouco masoquista mas acredito que estarás numa porta qualquer, numa entranha desta escuridão.
Foda-se, não te encontro!

Loucura Entre Loucos





" A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal!" Raul Seixas

"Louco"!
Mas "louco" porquê?
Bem louco é uma mera palavra, que segundo o dicionário de Português define-se como:
" Que ou quem perdeu a razão; que ou quem apresenta distúrbios mentais; que ou quem tem comportamento absurdo, exagerado, contrário ao bom senso ou ao que é considerado razoável; que é considerado fora do normal; que revela falta de sensatez; que está fora de si, descontrolado; que é excessivo; que está dominado por sentimento de grande paixão. "

Bem uma definição um pouco ou tanto forte, não!? Observando com mais atenção ali o último ponto afinal traduz a loucura como um efeito de uma grande paixão, bem afinal a loucura é algo bom, aparenta tal pelo menos. E tu já pensas-te na definição desta palavra, o que para ti significa ser um louco ou chamado de louco?

Bem eu já e cheguei à conclusão que eu próprio sou um louco! Um louco entre loucos, onde os loucos não existem! Confuso? Bem a loucura em mim resume-se em tantos aspectos que cada pessoa que vai levando um pedaço de mim se vai apercebendo do louco que eu sou, no entanto não deixo de ser um louco entre loucos e loucos com loucos nenhum é louco porque no meio de tanta loucura tudo se torna sensato, razoável e com sentido! Bem quando intitulamos alguém ou um grupo de louco ou loucos não poderemos ser nós os loucos? Acho que no fundo é tudo uma questão de vista e perspectiva, no fundo todos somos loucos aos olhos de alguém e esse alguém louco aos nossos olhos, basta ser diferente para acharmos tal.

No entanto eu sou Louco! Adoro cometer loucuras desmedidas! Porra! Não considero loucuras nem me considero louco, apenas, não sei, um tanto ou quanto diferente dos cordeiros que vemos diariamente!
Todos os dias cometo algo que à vista dos ditos "cordeiros" é de puro louco ou de pura estupidez, eu não considero isso, considero apenas que sou um apaixonado da vida e de tudo o que me rodeia e no fundo completa o meu ser, bem no meio desse sentimento de êxtase, lógico que faço tudo e por tudo para agarrar cada bocadinho que vou encontrando sem esperar e sem procurar daquilo que me faz o que tu chamas de louco!

Já vivi um quarto de século, bem vais-me responder ainda és muito novo, ainda não sabes nada desta vida, e réu, réu, réu, nada mais nada menos do que TRETAS! A vida não se resume a quanto tempo estás neste planeta, no fundo à tua idade. A vida resume-se à forma como tu a vives, com a intensidade que tu a vives, como queres que ela seja e por quem te deixas acompanhar, resume-se a fugir do dito normal e dos ditos "cordeiros", a vida resume-se a momentos de loucura em momentos de felicidade, resume-se a saber largar tudo pela mudança, pela diferença mas que no entanto te consegue fazer bater esse coração como mais ninguém ou mais nada consegue, a vida resume-se a actos de LOUCURA, resume-se a saber ser LOUCO entre loucos na loucura dos sem loucos porque entre loucos não existe loucos e nada mais, nada menos que uma lucidez que resplandece uma visão distinta com um olhar fulminante e único, onde só em terra de loucos sem loucos ela existe.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Caminhos Circundantes

Por entre noites frias e distantes que percorro em busca de uma resposta, de um pequeno rasgo de iluminação neste caminho longínquo e arrepiante, perco-me cada vez mais, sem saber que passos dar, que caminhos percorrer por entre as encruzilhadas, distanciando-me cada vez mais do percurso que procuro percorrer, do caminho iluminado.

Estranho!
Mas que estranho ser!
Gostava de saber mais, perceber mais, procurar mais, ser mais eu e dar mais de mim, dar aquilo que tanto procuro dar e que no entanto não consigo obter isso de mim mesmo.
Sinto-me estranho, apenas um estranho ser.
Sei o que procuro e sei o que quero mas algo neste percurso, algo obscuro faz-me dar algo que não quero, ser algo e alguém que seria suposto ser apenas um fantasma, uma alma sem alma, um olhar distante numa rua vazia.
Realmente é estranho!
Como pode um homem completo e em plena felicidade e paz de espírito não ser ele mesmo? Uma pergunta que se insurge como repetitiva e sem sentido algum. Como é possível que afaste o que mais precioso tem, o que de melhor a vida lhe trouxe? Como pode demonstrar algo que não o é e ao mesmo tempo tentar ser aquilo que realmente lhe percorre no sangue?
Como pode ter medo se o medo não tem razão de ser? Porque não pode simplesmente ser ele mesmo e continuar assim deixando quem lhe rodeia feliz, sendo aquilo que lhe faz feliz?
Quanto mais penso neste turbilhão de pensamentos e sentimentos mais me sinto perdido, sem forma de o ser ou encontrar.
Algo realmente muito estranho!
Não quero ser estranho! Quero ser eu! Quero ser o que tu conheces!
Porque não pode simplesmente torna-se uma tarefa à partida tão simplista e natural?
Caminhos estranhos e sem sentido, são estes que vou percorrendo, perdendo cada vez mais um pouco do meu ser, a minha essência, o meu Eu!
Peço-te “Eu” volta, não te percas nestes caminhos estranhos e esquisitos, nesses caminhos sombrios sem volta, sem uma Luz para percorrer mas peço-te traz-me respostas, traz-me aquilo que me tens tirado e que desde o início e em tão pouco tempo sempre foi tanto e significou não apenas um mundo mas um universo.
Se não te perderes por entre esses caminhos sombrios traz-me de volta um pedaço de Lua, um pedaço de terra, um pedaço daqui até à Lua e da Lua até aqui.    




domingo, 13 de julho de 2014

Sem Tempo

Por entre as brumas da madrugada vens suavemente até mim, enroscada em um manto de tons de cinza, acompanhada por uma garrafa e dois copos do melhor vinho encontrado nas ruas. Deixas-me deleitar no doce sabor desse néctar sem perceberes o porquê de um olhar distante, da ausência das palavras , da ausência do afecto.
E no teu recanto ficas a interrogar o porque destas acções sem sentido, perguntando se o amor simplesmente se desvaneceu.
Não percebendo que nada disso desapareceu mas as notícias de uma doença fazem desvanecer toda a vontade de viver e saborear cada momento perpetuado.

terça-feira, 18 de março de 2014

Desabafos de um Louco



Sei que tenho andado fugido, desaparecido e tacanho, que aparenta uma autêntica ausência e abandono, um nada não quero saber.
Mas a razão situa-se algo entre o me estar a perder lentamente e o sentir que o meu ser desvanece a cada dia que passa. Sabes eu não mudei no fundo e não quero arranjar um justificação para justificar tal, quero apenas que compreendas o que se passa no meio deste turbilhão, deste vendaval que se assolou sobre nós.
Porque entre o trabalho e os problemas que dele trago e transporto para o meu dia a dia e os problemas do dia a dia tenho ficado frio, distante, escondido em recantos invisíveis- Não deixei de ser o ser que conheces-te nem perdi a essência apenas tem andado escondida e talvez acabe por mostrar ou mesmo ser aquilo que não sou ou não quero como modo de fugir a tudo que me rodeia, não de ti porque de ti e contigo tenho tudo o que preciso para ser eu, para ter a minha força mas na tua ausência, bem na tua ausência tudo se transforma e se modifica porque sinto a tua falta, a tua energia, o teu ser, o teu toque, o teu sussurrar simplesmente todo o teu "eu",
Sinto que se não voltar rapidamente ao meu "eu" te vou perder definitivamente, no entanto o meu eu está entrelaçado contigo, algo estranho de se dizer não!?
Interrogo.-me todos os dias desde à muito se cada dia que passa faço tudo correcto para te sentir comigo, para te ver sorrir e quando quero acreditar que realmente o faço porque tu me dizes algo acontece e deita o castelo de cartas abaixo.
Raios, afinal não me perdi, afinal ainda estou cá, afinal ainda posso mudar o rumo, afinal tu ainda estás aí, afinal ainda tudo pode correr bem, afinal só precisava do que me disseste hoje para me reencontrar.
Sei que por saber não sei dizer as palavras certas e nem sempre sei escreve-las como gostaria que fossem ditas ou escritas mas o sentimento e a vontade está lá e no modo mais bobo acabo por me expressar.
Afinal a felicidade está a uma porta, vamos entrar!?

P.S.: No encanto do canto contado no recanto estou lá por ti e para ti, anda vamos viajar sem destino, sem plano, apenas viajar pelo prazer e amor que sentimos.