segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Quase Amantes!




Desces do teu mundo como se de lá não tivesses partido. És Deusa na terra dos ateus, essa que arde de rancores, de desprezos. É nessa terra que estou. Apenas levo comigo os trapos que cosi, os sonhos que construí, o pensamento que em mim despertaste. Não vou sozinho, mas solitário.

Atravesso a rua, distraído. Como se o mundo estivesse parado à minha volta, os pássaros estáticos, de asas abertas, negras de sombra de umas quantas nuvens de carvão que lá por cima viajam. Não é que eu esteja contigo no pensamento, mas a prisão que constróis todos os dias, a mim já me acorrentou. Atravesso, pois, o mundo como se da última vez se tratasse. Agora, que sei que sou finito e que a vida a mim jamais repetirá, agora, que descobri esta tormentosa vontade, este asfixiante desejo de te ter, atravessarei a rua com redobrados esforços, com aumentada atenção. Este teu peso sobre a minha alma faz-me pensar que mais não conseguirei aguentar.

Desprovido de sentido, ausente de espírito, despido de reciprocidade. Divagando pelos becos estragados de idade - o tempo que deixa marca - onde não há tréguas que se implementem. Faz-te voltar! Sê de novo a alma que me falta.

Deixa o sol raiar sobre ti. liberta-me, liberta-te, liberta-nos. Tu que me prendes, prendendo-te! Tu que me desprezas, eu que te quero. Tu que desapareces e nada falas, eu que te procuro e não desisto. Ter-te-ei, tomar-te-ei pelas mãos, juntar-te-ás ao meu trilho?

Não me faças dizer adeus. Não deixes ficar-nos pelo quase, dá um passo. Dá-te a conhecer. conhecerás o mundo! Deixa-te ver e verás a razão. Não te escondas por detrás da capa do medo, destapa-te e viverás eternamente... em mim!




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