quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Triste Encanto




Mais uma noite sem dormir, mais um maço que desapareceu em segundos, mais um quarto escuro e mais uma noite de silêncio fantasmagórico nesta casa, as pernas começam a tremer o tempo passa sinto a alma a desvanecer, o vento sopra pelas frinchas da janela ecoando palavras sem destino é como morrer de sede no meio do mar e afogar-me. No silêncio da escuridão ecoou gritos de revolta, apenas eu ouço, as mãos movem-se freneticamente. Paro! Concentro-me! Olho para o portátil e imagino o que eu faço aqui? Se dependesse de mim não sentia, não pensava, às vezes penso que passo tempo demais comigo. E enquanto ouço uma voz dentro de mim que me diz: " Liberta-te! Torna-te um só com a magia encantada das palavras! Escreve sem pensar! Transpõem-te".
Vou vagueando sem destino, entre dedos pelas teclas, olhos vazios, ouvidos perdidos, boca calada e a mente afogada em pensamentos deambulantes. Isto é mais forte do que eu pensei!  E em mim a luz se esconde enquanto danço no silêncio morto e nas palavras busco o conforto! Paro mais vez! Tento fugir com os pensamentos mórbidos e insólitos e insurgem apenas as perguntas: "Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?". Dou mais um grito de revolta por ser prisioneiro de mim próprio, dos meus pensamentos e sentimentos. Fluem as palavras entre os dedos e olho para o lado e na escuridão continuo sem ninguém para ajudar, um sorriso para me animar, porque sinto que a culpa é minha e não percebo o porquê, sinto um sorriso sádico na cara e lágrimas nos olhos e ninguém as vê, um desejo inexplicável de explosão, de largar tudo e correr sem parar contrariando o sentido lógico de manter à tona e navegar ao leve sabor das ondas, direccionado pelo vento que me sussurra aos ouvidos palavras incoerentes e sentimentos incertos. E entre incertezas, palavras, sentimentos, vontades e raciocínios lógicos grito em plenos pulmões, em tom de revolta que alguém me diga porque me sinto assim! Estou farto de mim! Farto daquilo que sou! Farto daquilo que penso! Mostrem-me a saída deste abismo imenso!  Triste ser tão novo e achar que a vida não presta pergunto-me se algum dia serei feliz mas não sei se alguém me ouviu e não sei se quem me viu sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde!

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