sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Não Me Compreendas Por Favor!




Desço, mais uma vez, aquela rua escura e empedrada. Desço-a ao sabor do vento, que me impele os pés descalços. E, uma vez mais, aquele olhar se repete - alma incompreendida envolta numa esfera de sonhos sem deles se conseguir desligar e sempre por eles a desejar - ora apagado ora brilhante na sua essência.

É algo que me transtorna sem nunca deixar de me fascinar, essa inegável capacidade de sempre permanecer sozinho na minha compreensão incompreendida.

Sim, mais uma vez desço esta rua sozinho e descalço, com o tal olhar antagónico de quem sabe o que quer sem saber por onde ir. E tu olhas-me de novo, como quem de mim me quer perceber por inteiro, sem saberes que essa pequena parte de ti é tão minha como tua...

Mais do que o meu próprio olhar e tudo o que me faz sentir, é o teu que mais me seduz - não por me tentar perceber, talvez por me completar de uma forma tão incompreensivelmente incompleta.

Preciso desse teu olhar tão puramente inocente da mesma forma que precisas do meu. Preciso dele para me sentir único e incompreendido, pois só assim sou livre e só assim poderei ser teu.

- Não me compreendas por favor!

Sem comentários:

Enviar um comentário