segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Apenas Gostava



Gostava de ser mágico, de fazer aparecer e desaparecer, de surpreender e fazer render aos encantos encantados.
Gostava de ser uma folha em branco e saber desenhar em formas sublimes e rectilíneas, de saber colorir de forma harmoniosa e sentida sem tons pesados de trovoada e pesadelos.
Gostava de saber escrever e fazer viajar com palavras, endireitar e apagar tormentos, fazer acreditar e sonhar, usando meramente as palavras, a fluidez da paixão que elas nos tocam e viciam.
Gostava de ser palhaço para saber como fazer-te rir em qualquer momento, saber divertir e ser divertido, abstrair de todos e quaisquer pensamentos impuros e perturbantes que redopiam e te enlouquecem.
Gostava de ser mar e fazer-te viajar pelos recônditos que o mar aufere e esconde no seu encanto e paixão, de ser mar para te levar no silêncio tranquilizante e seguro que transmite.
Gostava de ser vento para saber como te soprar aos ouvidos, como sussurrar as palavras mais delicadas e doces, como fazer-te sentir calafrios apaixonantes.
Gostava de ser sol e chuva, para saber aquecer-te nos dias mais cinzentos e no entanto saber penetrar-te na alma como a chuva se infiltra, de ser sol para saber como te aquecer o coração e alma e ser chuva para saber como estar sempre contigo e entender-te nos dias mais cinzentos.
Gostava de ser lágrima e sorriso, pensamento e palavra, porto de abrigo e barco, corpo e alma, vontade e desejo... Gostava de te ter comigo e ser todo o pensamento e vontade, todo o desejo e sentimento, todo o minuto e segundo para poder ser toda a inquestionável certeza, sem retóricas e dúvidas.
Gostava... bem apenas gostava de acordar e que todas as portas entreabertas com fantasmas escondidos e que todas as janelas com olhares distantes e cheios de nada não existissem.

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