sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Inocência Mentirosa



Estou perdido nesse sitio que não sou eu. Aquela fonte que me alimentava já secou.

Oh! belos tempos em que eu sabia quem era e o que queria de mim. Oh! belos tempos em que a vida era uma certeza e o mundo uma ciência exacta. Tão bom que era a inocência de ser o dono de tudo, estar no topo da montanha a sentir a brisa de Este e ordenar os destinos da caravana - da minha caravana- e saber perfeitamente onde a queria levar. Era forte e destemido, afincado na defesa e audaz nos ataques das opiniões e das escolhas. 

Mas as estradas por onde a caravana passou eram agrestes, de rochas afiadas. Enrugaram o coche, cansaram os cavalos. Apagou-se a lanterna, ele é escuro agora. As rodas não mais rolam. Os vidros viraram areia. O vento tolda-me a tez que nem lanças - e não perdoa - nada perdoam estas novas brisas. Tão parcas de amor, carregadas de espinhos, assim somos nós agora.

Da inocência agora pouco resta - não sei para onde ir. Não sei o próximo passo, para que lado!?
Oh rios voltem a regar a minha fonte, oh mares revoltem-se contra estas brisas! Oh sol derrete aquelas rochas, queima aqueles ramos. Preciso de ti, de mim. Daquele eu que foi, daquele eu que venceu tudo, que amou tanto, mas pouco foi amado e assim murchou. 
É ingrata a vida. É tão difícil saber que - afinal - a vida não é eterna, dói tanto desconhecer por que leis se rege o mundo e quem o possui.

Mentiram-me. 

Eu sei. 

Sem comentários:

Enviar um comentário