Estranho!
Mas que estranho ser!
Gostava de saber mais, perceber
mais, procurar mais, ser mais eu e dar mais de mim, dar aquilo que tanto
procuro dar e que no entanto não consigo obter isso de mim mesmo.
Sinto-me estranho, apenas um
estranho ser.
Sei o que procuro e sei o que
quero mas algo neste percurso, algo obscuro faz-me dar algo que não quero, ser
algo e alguém que seria suposto ser apenas um fantasma, uma alma sem alma, um
olhar distante numa rua vazia.
Realmente é estranho!
Como pode um homem completo e em
plena felicidade e paz de espírito não ser ele mesmo? Uma pergunta que se
insurge como repetitiva e sem sentido algum. Como é possível que afaste o que
mais precioso tem, o que de melhor a vida lhe trouxe? Como pode demonstrar algo
que não o é e ao mesmo tempo tentar ser aquilo que realmente lhe percorre no
sangue?
Como pode ter medo se o medo não
tem razão de ser? Porque não pode simplesmente ser ele mesmo e continuar assim
deixando quem lhe rodeia feliz, sendo aquilo que lhe faz feliz?
Quanto mais penso neste turbilhão
de pensamentos e sentimentos mais me sinto perdido, sem forma de o ser ou
encontrar.
Algo realmente muito estranho!
Não quero ser estranho! Quero ser
eu! Quero ser o que tu conheces!
Porque não pode simplesmente
torna-se uma tarefa à partida tão simplista e natural?
Caminhos estranhos e sem sentido,
são estes que vou percorrendo, perdendo cada vez mais um pouco do meu ser, a
minha essência, o meu Eu!
Peço-te “Eu” volta, não te percas
nestes caminhos estranhos e esquisitos, nesses caminhos sombrios sem volta, sem
uma Luz para percorrer mas peço-te traz-me respostas, traz-me aquilo que me
tens tirado e que desde o início e em tão pouco tempo sempre foi tanto e
significou não apenas um mundo mas um universo.
Se não te perderes por entre
esses caminhos sombrios traz-me de volta um pedaço de Lua, um pedaço de terra,
um pedaço daqui até à Lua e da Lua até aqui.