quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Sobre mim



 Nunca escrevi sobre ti. Escrevi para mim. Por mim. Para me obrigar a lembrar de onde vim e para onde não voltar. Para não me desviar de quem eu quero ser. Escrevo porque as palavras se eternizam quando tudo o resto desaparece. Escrevo para me entender, para me ouvir também. Escrevo quando, nem sempre, me apetece falar.

Escrevo se estiver feliz ou triste, não interessa.

Escrevo essencialmente para me manter são, para me sentir vivo. Escrevo para ser ouvido, escrevo para que me vejam, quando todas as palavras em viva voz se gastaram. Escrever, nunca foi sobre ti ou sobre os outros. É e será sempre sobre mim e para mim. É um acto claramente egoísta que faço por necessidade. É a única coisa que faço genuinamente com o coração pousado em mim, independentemente de todas as palavras que possam passar nos meus pensamentos, independentemente de ser o certo ou o errado... É meu! É o que me vai no peito. É, muitas vezes, a única forma plausível de me libertar. É escrevendo que me encontro. E é quando escrevo que, encontro gente como eu.... Que me sinto menos extraterrestre. E, embora possa ter uma vida, cheia de situações e de intervenientes, escrever será sempre sobre mim.... E para mim!

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Igual

 


Tudo começa com o mecânico gesto de desligar o aviso sonoro do telemóvel. São horas a mais durante o dia. Segue o assentar dos pés no chão, a constatação de que se respira, e os lembretes para fugir de vícios que matam. Um copo de água e todas as rotinas da higiene. O relembrar dos temas importantes do dia, o olhar baixo porque falta algo, o conforto da água quente na pele e mente secas. A vida a rodar, um fiar constante e igual, a realidade que se vive como se fosse outra dimensão, o déjà vu de quem não vive.

O triste constatar, estás vivo mas não vives. A vontade de chorar, o aperto no peito. A redundância de tudo. Aqui chegaste, respiras apenas, uma vida cheia de nada, vazia de tudo. Flash rápido. É tudo um truque do teu cérebro. Não, é oficial, respiras mas estás morto. Pior que veres a cru a normalidade da tua vida, é a dor de nada fazeres. Ó dia, foge, deita-te na noite, vai. E choras, só, ao espelho do carro, onde passa o nada dos anos para trás.

Os poetas estão mortos. Sim, já ninguém os lê. Ler? Ninguém lê ó estúpido, é tudo imagem, em barda, muita e feroz. Os olhos abertos que nada vêem. Cegos pelo excesso, abertos a todo o inútil. Os poetas estão mortos.

Ninguém te ama como eu.
Ninguém te ama como eu.

Finalmente a amiga noite. Dorme. Não tarda o gesto mecânico. Outro dia igual, para ti morto que respiras e cego de olhos abertos.

No final a maioria acha que viveu.

Deixar de ser normal, para ser feliz?

Falar de Loucos




 Falar de loucos é falar de sábios!

Posto que, loucos veem além da visão…
Sentem nos lábios a essência da vida
E discordam, sem pedir permissão.

Loucos… Precisamos destes loucos
Para virar a mesa, jogar o jogo bruto,
Mudar o mundo, as regras, não aos poucos,
Mas mudar abruptamente, num espaço curto.

No caos que se encontra O Mundo neste momento,
Atravessa duramente tanto descontentamento,
Para mudar, hoje, ser louco é a única solução.
Somente um louco, poderia revolucionar a nação.

Um louco que sonhando seja capaz de o mundo mudar…
Que viva seja na terra, no ar ou no mar, ouse…
Crie, invente, faça seu pensamento ecoar, vibrar…
Sem medos, sem tabus, um louco essencial capaz de amar.

Sabes?

 




Sabes? Eu também preciso que venhas atrás de mim. Que mostres que me queres e me precisas. Que demonstres que gostas e te importas.

Sabes? Eu também preciso que corras. Que me sossegues o pensamento e me dês alento. Que te lembres e me tentes.

Sabes? Eu também tenho medos e inseguranças. Também tenho sonhos e esperanças. Eu também tenho saudades e vontades. Silêncios e desconfianças.

Foda-se!



"Mama, just killed a man put a gun against his head
Pulled my trigger, now he's dead
Mama, life had just begun
But now I've gone and thrown it all away
Mama, ooh didn't mean to make you cry
If I'm not back again this time tomorrow
Carry on, carry on as if nothin' really matters
Too late, my time has come send shivers down my spine
My body's aching all the time
Goodbye everybody, I've got to go
Gotta leave you all behind and face the truth
Mama, ooh
I don't wanna die
I sometimes wish
I was never been born at all"


 Hoje apetece-me chorar, apetece-me gritar, apetece-me partir cada prato que encontre nos armários, apetece-me desistir, apetece-me ceder à tentação de desistir, apetece-me desaparecer, apetece-me deixar de sentir, apetece-me ser indiferente, apetece-me revoltar com o mundo, hoje apenas apetece-me deixar de ser eu.

Hoje apenas quero gritar a alto e bom som para todos ouvirem: "FODA-SE"!

Porque hoje por todo o álcool que beba nada apaga o que sinto, por toda a droga que consuma nada me fará esquecer. 

Sermos nós, sendo seres de sentimentos, temos de os expressar, de os extravasar, de os mostrar, de repelir tudo o que sentimos, nos revolta, nos incomoda. Por vezes uns através da música, outros pela escrita, mas o que temos em comum é um sentimento tão forte quanto de loucos, e apenas os verdadeiros loucos se entendem, deixando todos os outros à margem, sem nunca perceberem o que realmente nos move!

Por isso em toda a música, em toda a escrita, existe um grito de revolta, um foda-se, uma inconformação com os restantes, uma desilusão, uma alusão a uma intensidade de um amor que mais ninguém compreende.

E como tal, e apenas porque hoje me sinto assim, abandonado, sozinho, um moribundo, um louco, escrevendo sem fazer sentido tal como sou a perfeita repetição do imperfeito, lanço mais um grito de revolta......... 


FODA-SE!

Acreditar!


Queria-te escrever mas não posso. Queria que me entendesses como me entendias mas não sei se o queres. Queria que me visses como me viste mas não sei se o podes. Porque todas as noites sou assombrado pelo meu maior pesadelo, o saber que a cada dia que passa por muito que lute, te continuo a perder inevitavelmente. Porque não me contas tudo o que tu sabes, tudo o que te vai dentro dessa cabeça, dentro desse coração. Destrói-me não me contares tudo sobre o teu dia, sobre as tuas conversas, sobre as tuas inseguranças, os teus medos, os teus receios, o que te inquieta e o que te deixa feliz. O saber que adormeces sem pensar em mim, que não sentes falta que me deite a teu lado, que te agarre com os meus braços e adormeças sobre o meu peito. É medonho não voltar a sentir o teu beijo, o teu abraço apaixonado, o teu carinho, o teu mimo, o teu sorriso e o teu olhar que me via quando mais nada me via, que dizia o quanto me desejava, o quanto me amava, o quanto me queria, o quanto simplesmente mostrava que sabia que era eu quem queria sem sonhar em mais nada ou mais alguém.

E dentro de todo este misto de sentimentos, sou o meu pior inimigo, imaginando e criando a ilusão que me destrói e consome, imaginando que dedicas o tempo a outros, que preferes outro a mim, que me ignoras, que já não me procuras para uma conversa sem princípio nem fim. Que a tua dedicação, força e foco se vira para outro.

Acredito sem saber como acredito, acredito sem perceber a razão lógica quando existe tantos mais motivos para deixar de acreditar. Acredito apenas porque sim. Acredito apenas porque te quero, desejo, amo, sinto, porque acredito mais em ti e no que possa existir antes da construção desse muro e da negação que decidiste rumar.


Acredito apenas para te conseguir escrever a carta que nunca te escrevi. Acredito por acreditar tanto em ti e porque sem acreditar tanto em ti deixaria de fazer sentido e tudo seria uma ilusão que desapareceria com o vento.

E no ,meio da minha loucura de tanto acreditar, aguardo impacientemente o dia em que iremos os dois acreditar, dar as mãos e voltar a levantar voo. Porque eu acredito em ti, em mim, em nós!

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Simplesmente Vive, Sonha e Luta


Nunca esteve morto, nem nunca estará morto, apenas se encontrará ausente!



Nesta nossa vida temos e devemos sentir um pouco de tudo, desde a felicidade e tristeza, ansiedade e desespero, confiança e ilusão, compaixão e generosidade, ganância e indiferença.

Temos e devemos sentir a dor e o prazer de viver e morrer mil vezes neste mundo de loucos e fantasmas... 

Temos e devemos sentir mil sofrimentos e prazeres.

Temos e devemos inundar-nos em orgias de sentidos, até à auto imolação do ser!

Temos e devemos tomá-la como um jogo perigoso de vida ou de morte, dançando às luz das velas entre os dois e jogar com a luxúria e a pureza no mesmo rol.


E que mais há?


Esse que passa sem que ninguém o veja! Esse de que falam mas que ninguém vive! Esse que todos buscam mas não é de ninguém!

O que é e sempre será, simplesmente Amor!