terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Por Detrás Da Cortina Fechada



Eu não sou o que fiz, o que fiz é o que eu fui. Eu sou o que posso fazer.

É nesta conclusão que o conflito se inicia.
É altura de sair dali. De não deixar nada de fútil em pé. De procurar fora dali o que mais importa.
Mas... como é que alguém consegue divorciar-se da própria sombra?
Simples. Quando o céu toca o chão não há sombra, não há hierarquia e tudo fica no mesmo plano.



Tenho a cabeça numa nuvem de fumo no silêncio perturbador da noite torna tudo tão sufocante.
Estou deitado na cama à 4 horas a tentar dormir mas ainda não vai ser agora, experimento fechar os olhos mas volto para o lugar onde eu não quero estar, o perigo é iminente mas não consigo ir embora. Nestas perturbações nocturnas tento abraçar o tempo como nunca abracei e se o tempo me permitir respiro o mundo individualista que me mente por ser o último acto de uma peça que nunca irá estrear.
Mais uma noite que não me traz nada!
Uso as estrelas para escrever e peço segredo à lua para tentar descrever este sufoco, para tentar relembrar quando a noite era berço, quando tudo isto fazia sentido, quando as palavras congelavam os segundos do meu mundo, quando tudo parava e ficava fechado no meu pensar, sem voltar à estaca zero, sem renascer novamente e reviver o arrepio da primeira vez. Tal como uma velha canção que é ouvida vezes sem conta até ficar esquecida na mente de um menino que perdeu a sua sombra também os sonhos e fantasias perderam o seu lugar, vivem como pássaros presos numa gaiola, a porta encontra-se aberta mas não voam dali para fora.
Num acordar repentino e fora do meu corpo, vejo tudo à minha roda, não me drogo, não bebo mas até que dava jeito eu contra o meu pensamento, quando como tudo aquilo que sinto e não aguento a pressão sufocante na procura de mim mesmo quando sinto que já falhei. Tento ser razoável mas o tempo é limitado, sinto que que já perdi mais que tudo aquilo que tenho dado.
Arrepiante este sentimento!
Não te iludas com o brilho e o fascínio da minha imagem porque não é o fumo que consumo mas é o fumo que me consome, quando me mata, me prende, me rouba o nome e assalta-me quando a alma já arrebenta, quando é a raiva que explode e o coração que já não aguenta.
Não iludo, nem desiludo por isso sou a ausência de uma promessa, sou ampulheta e areia que escorre sem dar conversa, a perícia sem malícia porque no fundo eu nem nasci, eu morri para criar.
A insanidade nocturna chama por mim!
Pede-me para viver no limite, na adrenalina que me faz sentir vivo, no limiar do perigo e da morte física e espiritual. Sei que não conheço o início desta insanidade mas tenho um contrato com o fim, desvendando a minha mente, sentindo o medo. Sou mistura excessiva de silêncio e luz da lua, psicologia desta vida e filosofia tatuada, sou enigma, sou chave, sou a mágoa acumulada e odeio cada frase que a minha mente cria porque eu não penso, nem respiro moro ao lado de Cristo na minha visão diminuta e amplamente explorada mas se as linhas de um livro justificam todo o mal então o mundo para mim já acabou e eu nem sequer sou real.
Tudo é tão pouco quando o nada vence!
Enquanto os traços de um sonho se apagam da palma da mão, o espírito enfraquece e cede a cada dia que passa, torna-me um papel amarrotado a ser levado pelo vento, somando desilusões e aspirações que a vida enterra, saboreando o desgosto que o coração encerra mas enquanto espero o que interessa está lá fora na estrada à espera e demoro sempre mais um pouco perdendo tanto pelo meio.
O que é feito da criança que sorriu no recreio?
Já não sei apenas vejo o sonho desvanecer, limitando a minha acção e a dependência de outra é somente uma noção.
Com vontade de desistir para dizer a verdade! É quando vem ao de cima a minha fragilidade!
Existe bons momentos mas aqui são demasiado breves, tento convencer-me para não baixar a guarda mas por fim dou por mim apaixonado nos lençóis de mais uma cabra é que os meus fins de noite são sempre em alguma casota!
Só mais uma noite que me deixa mais calmo!
Não fales, não olhes, não toques, não penses porque eu não estou cá, quero fugir daqui, não estou no mundo, não estou na rua, estou deitado, sem tecto à espera que isto passe sem eu fazer nada em concreto porque alguma coisa me tirou a força que a vida me deu e alguém que me leve para um sítio onde eu ache que nunca estive!
Foda-se!
Opto sempre por escolher o ódio ao amor, é uma espécie de auto defesa por já ter sofrido demais!
Sou um homem sem alma e quero voltar para casa!

E isto é o que se passa por detrás da cortina onde só vês a graciosidade de um sorriso despido de felicidade e a energia da falta de uma alma!

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